Quem acompanha este blog sabe que tenho uma certa tara por números e métricas. Guardo com um zelo ridículo minhas marcas, melhores ou piores, além de cada registro que puder colocar as mãos e que me ajude a entender melhor o corpo e a mente.
Na prática, confesso que a utilidade é pouca: não sou e nunca serei um atleta de elite e, no máximo, gosto de satisfazer a minha própria curiosidade quanto a mim mesmo. Digamos apenas que eu seja uma espécie de acumulador virtual.
Nesse espírito, decidi fazer alguns gráficos para entender a minha performance correndo maratonas e trilhas/ ultras desde a minha primeira linha de largada, em 2013. E cheguei a algumas conclusões interessantes.
Maratonas de Rua
Fiz, até hoje, um total de 8 maratonas “oficiais” (desconsiderando treinos de 42K, naturalmente). Até a de Chicago, minha meta era uma só: tempo. Nunca havia pisado em uma trilha e o máximo de sonho que eu tinha era correr Nova York, Londres, Berlim etc. E exceto por um pequeno soluço na Maratona do Rio de 2013 – que estava com um calor infernal – vinha conseguindo baixar meus tempos praticamente a cada corrida.
E isso durou até a Comrades de 2014.
Ultras e Trilhas
Depois da Comrades, minha primeira prova foi uma maratona de trilha – a Indomit – que estava usando como preparo para a Douro Ultra Trail. Novidade pura para mim, incluindo terrenos super técnicos, uma necessidade óbvia de se caminhar de vez em quando e um bônus valiosíssimo: as paisagens.
Foi só fechar a Indomit e a DUT, esta última em setembro do ano passado, que virei um trilheiro convicto. Com o abandono das metas de rua, passei a me dedicar mais a treinos de resistência e a focar provas em montanha, com altimetrias mais severas e uma largura de tempo substancialmente maior.
É difícil comparar uma ultra com a outra: cada uma delas tem terreno e distância diferente, o que as faz únicas. Mas dá para perceber que me mantive com uma resistência semelhante dado que a diferença das minhas duas Comrades ficou em ridículos 23 segundos (mesmo considerando a alternância dos percursos).
Mas a velocidade em maratonas ficou nitidamente comprometida, bastando olhar os dois resultados que tive (ambos em São Paulo) depois de Chicago.
Que grande e disruptiva conclusão se pode tirar disso? Nenhuma, claro. Ficar lento em maratonas depois de ser abduzido para o mundo das ultras de trilhas não é nada além do óbvio.
Mas fiquei curioso quanto à minha capacidade de retomar a performance e, quem sabe, bater um sub 3h30.
Quem sabe um dia? Por enquanto, minha vontade de participar de uma prova de rua realmente é mínima…
Ricardo,
Embora óbvias, suas considerações e conclusão, convergem para auxiliar aqueles que acessam o “Rumo às Trilhas” e que, eventualmente não podem contar com uma assessoria técnica adequada.
Em algumas ocasiões, comentei o quanto é legal, vir aqui para ler sua “crônica” quase diária.
Alinho-me à sua corrente de considerações, ao comparar o ritmo de corrida quando fazia somente provas curtas – no máximo 21 km – e, depois quando passei a correr maratonas e ultras – 2011.
Na mesma intensidade do amigo, também não tenho número significativo de maratonas e ultras – creio que 7 + 13 – porém, a sensação que fica é: embora mais lento, o corpo fica a cada novo episódio ou nova experiência de corrida, mais robusto e consistente, assim, não é por nada que você migrou para as trilhas – insanas.
Domingo, na Volta do Lago aqui em Brasília, corri 4 trechos (6 + 9 + 11,5 + 7 ) em ritmo acima da minha capacidade, terminei exausto e totalmente travado – o que não aconteceu na Comrades.
A conclusão: – “é significativamente mais prazeroso correr dentro de nossa zona de conforto, pois além do aspecto saúde, também fica o registro de correr observando as paisagens que nos cerca.”
Forte abraço,
Dionísio Silvestre
http://correrpurapaixao.blogspot.com.br/
Dionísio, não poderia concordar mais contigo! Aliás, espero que possamos fazer a Volta ao Lago juntos no ano que vem – é um sonho meu correr essa prova!