Milagres, na minha opinião, nunca são tão grandiosos quanto costumam ser definidos.
Não acredito que milagres curem doenças graves ou salvem a humanidade de desastres cataclísmicos: dou esse crédito à ciência e à sorte, dois elementos que costumam ser ignorados quando grandes feitos são creditados a um ser maior.
Mas isso não significa que não acredite em milagres. Ao contrário: tenho a mais nítida certeza de que eles existem sim – mas escondidos nas pequenas coisas que costumamos ignorar. Milagre, para mim, é tão somente um nome mais pomposo para eficiência surpreendentemente exagerada em qualquer que seja o processo.
Algo como os efeitos de um dia sem treino para a recuperação muscular.
Ontem amanheci quebrado, sofrendo as dores tardias da Indomit somadas a dois dias de treino que, embora leves, só pioraram o quadro. Tudo – absolutamente tudo – doía. Caminhar, por si só, parecia tortura chinesa.
Não corri ontem. Não por decisão consciente, verdade seja dita, mas porque uma viagem a trabalho me impediu.
Acordei cedo, peguei avião, fiz uma bateria de reuniões, não consegui sequer almoçar e voltei para casa no último vôo. Não dá para dizer que descansei – ao menos não no sentido mais óbvio do termo.
Mas, aparentemente, meu corpo decidiu aproveitar a falta de uma corrida em 24 horas para acelerar a recuperação geral.
Lá dentro, microrupturas devem ter se reparado, tendões descansado, músculos relaxado. Tudo em um punhado de horas. Tudo com a agilidade que nunca conseguirei ter nas trilhas.
E tudo surpreendentemente – e milagrosamente – efetivo.
Hoje, por puro milagre, acordei novo em folha.
Que bom: já é hora de correr.
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