Dentre os tantos lugares de Sampa que ainda faltava explorar, um já estava chamando mais atenção: o Morumbi.
Não é exatamente perto de onde moro e, em dias de semana, tem lá os seus problemas críticos com trânsito. Segurança também não é o forte: assaltos são frequentes na região da Giovani Groncchi, principalmente quando filas de carros ficam estacionadas esperando algum milagre que faça as entupidas artérias paulistanas voltarem a fluir.
Mas há um outro aspecto para tudo isso, um outro lado de toda a região. O Morumbi tem morros e ladeiras fortes, impondo um treinamento mais intenso do que o normal. É também um bairro altamente arborizado, com parques espalhados pelos quatro cantos colorindo ruas que, por si só, são inegavelmente bonitas, pontilhadas por casarões que mais parecem castelos.
O meu longão começou descendo a Rebouças, nas próximidades da Paulista, até atravessar o Pinheiros. É o mesmo caminho da USP – só que com uma virada à esquerda depois.
Um alerta aqui: por algum motivo, o Garmin simplesmente pifou na marcação do trecho, como pode ser visto abaixo. Para facilitar, desenhei uma linha azul no percurso real e coloquei “x” no fictício, traçado por ele. Essa falha “cortou” também 5km de percurso, para quem quiser entendê-lo melhor a partir do mapa no final do post.
Isto posto, prossigamos.
ao virar à esquerda, toda a paisagem começa a mudar: estamos no alto do Butantã, uma espécie de “pré-Morumbi”, com casas incríveis e cenários realmente lindos. Parece uma cidade inteiramente diferente de Sampa, tamanha a paz e a calma que emanam do bairro.
Há uma espécie de ziguezague pelo Butantã até se chegar à Oscar Americano, avenida que dá no Parque Alfredo Volpi. Esse é um caso à parte: um enclave no meio de uma das zonas mais comerciais de São Paulo onde se pode encontrar – veja só – trilhas cortando trechos incríveis de mata atlântica. E quando digo trilhas, incluo aqui subidas, descidas, partes com single tracks e tudo mais. Há grupos de atletas profissionais treinando por lá, talvez por ser ainda um local pouco utilizado por corredores na cidade, o que dá uma sensação mais emocionante. Apenas para ilustrar, quase fui atropelado pela olímpica Ana Cláudia Lemos, que voou como um trem bala por mim, enquanto me esguelava para subir um trecho. Me senti uma mula velha cansada.
Dei uma volta e saí. Meu destino agora era um parque próximo ao Palácio do Governo, no Morumbi.
O caminho era basicamente uma reta, passando pela Av. Morumbi e por um trecho pequeno da Giovani Groncchi. Lá há uma praça que mais parece um parque, a Vinícius de Morais, que permite uma volta relativamente grande por áreas muito, muito verdes e bem cuidadas.
É um daqueles lugares que dá vontade de passar mais tempo curtindo, bebendo a energia dos outros corredores e sentindo uma espécie de calma incompatível com a região em dias que não sejam finais de semana.
Mas, claro, era hora de voltar.
Prolonguei: fiz um caminho diferente, entrando por outras ruelas que chamaram a atenção e voltando ao Parque Alfredo Volpi para mais uma volta.
Foi uma espécie de despedida da região, do dia, de uma trilha urbana que me levou a lugares diferentes de todos os outros que havia corrido em Sampa até hoje. Houve de tudo, afinal: casarões, pontes sobre rios poluídos, trilhas na mata atlântica, palácio do governo. Presentes que só se encontra em percursos por cidades gigantes como Sampa.