Usando a água como remédio

Uma das coisas que acabamos procurando em períodos mais intensos de treino, quase que de forma involuntária, é receita para diminuir as dores musculares. 

Nunca fui muito de tomar remédios ou mesmo suplementos alimentares: meus hábitos são, em geral extremamente naturais. Mas as circunstâncias acabaram adicionando ao rol de viabilidades uma piscina aquecida de 25m. 

E, assim, meio sem querer, acabei dando um mergulho em um dia qualquer. Dei umas braçadas aqui, outras ali – todas relembrando os tempos em que eu passava meus finais de tarde nadando no Porto da Barra, em Salvador, e me jogando na cara que estava absolutamente fora de forma enquanto peixe. 

Tudo bem: natação não é meu esporte. Aquilo era só uma bem vinda brincadeira. 

Era? 

De repente, sair da piscina foi como ter tomado um analgésico ultra poderoso. 

Aí, como que querendo repetir o efeito, comecei a acrescentar a piscina como rotina pós treino. 

Como da primeira vez, funcionou. Assim como da segunda, da terceira, da quarta. 

Em paralelo, tenho melhorado também a resistência dentro da água, ainda como que por força crescente de um hábito que está sendo desenhado apenas para amenizar as dores. Belo efeito colateral. 

Além disso, fazer umas braçadas depois de um dia intenso relaxa corpo, mente e alma como poucas coisas na vida! 

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Checkpoint: Areia movediça

Fiz outra tentativa hoje. Estava sol, um calor senegalês, o percurso à frente tinha estradas de terra, morros e vistas, e podia rodar o suficiente para, quem sabe, soltar mais o corpo.

Essas últimas duas semanas foram como correr na areia movediça. Se exagerasse na dose, acabaria afundando em dores generalizadas pelo corpo; se cedesse e descansasse todos os dias, a sensação de estar enferrujado apenas pioraria. Precisava achar algum tipo de equilíbrio, se situação limítrofe entre me manter ativo mas não atropelado, respirando rápido mas não esbaforido, suado mas não encharcado.

Hoje foi mais ou menos isso. Não digo que estou perfeito – mágicas são mais raras do que deveriam. Mas rodei os 10K sorvendo vistas, sol e calor, com AC/ DC puxando a endorfina e aquele cheiro de mato que sempre, sempre ajuda.

Terminei inteiro – muito melhor do que ontem e do que nos últimos dias. Terminei também fechando mais de 50K na semana, apenas levemente a mais que na semana passada e, portanto, somando volume como maneira de me salvar da areia movediça.

Ainda estou nela, aparentemente: seria ingenuidade partir pra um treino completo, como se nada tivesse acontecido. Mas estou – também aparentemente – muito mais a solto do que estava, já enxergando dias melhores no horizonte.

   
 

Ainda não

O despertador tocou às 5:15. 

Levantei, ainda que com algum repúdio por parte das pálpebras, me arrumei e desci. 

Ajustei o relógio.

Ignorei a garoa.

Apertei os olhos em um esforço de deixar para trás o sono.

Dei os primeiros passos.

Era pra ser algo simples, cotidiano: uma volta pela pista do Ibirapuera no piloto automático. Não funcionou: joelho direito protestou, tornozelo mostrou-se insatisfeito e toda a musculatura empacou, deixando claro que não pretendia se soltar por nada no mundo.

Não tive alternativa: desisti, dando meia volta ao chegar na 9 de Julho e transformando 11K em 5.

Placar final: motivação em 75%, disposição em 50%. 

Conclusão: ainda não estou pronto como gostaria. 

  

Olhando para a frente

O longão hoje foi de sono. Pela primeira vez em nem sei quanto tempo, dormi por (merecidas) 10 horas seguidas, acordando ainda com bocejos e sem pressa para correr. Havia me esquecido do quão maravilhoso é colocar o sono em dia :-)

Ainda assim, tinha uma missão para hoje: uma corrida relativamente leve, de 15K, para sentir a quantas andava a recuperação das pernas e, principalmente, da região da bexiga que estava doendo a cada passada.  Não há muito tempo para “zerar” o corpo: a Indomit acontece em duas semanas, mais ou menos. 

Felizmente, o dia foi de boas notícias: as pernas apenas “simularam” alguma dor muito, muito de leve – e a bexiga estava quase perfeita. Havia, verdade seja dita, alguma “pressão interna” – mas nada de preocupante. Ao que parece, tudo está se normalizando. 

Amanhã tem mais uma corrida ao mesmo estilo da de hoje e, a partir da semana que vem, começa o treino normal. 

No horizonte, uma só palavra: #Indomit. 

  

Dores supercompensadas

Na tentativa inconsciente de preservar o joelho direito que, do nada, decidiu dar umas pontadinhas nas corridas da semana passada, acabei supercompensando com a perna esquerda.

Resultado: uma dor muscular ali na região do soleus, provavelmente resultado da supercompensação cruzada com uma biomecânica correta porém exagerada.

O que fazer agora? Dar tempo ao tempo (e engolir um Flanax que, certamente, de alguma ajuda será). Como a dor é leve, espero ter me recuperado até amanhã.

Uma coisa, no entanto, começa a me incomodar mais: seja em forma de pontadinhas ou de pequenas dores esparsas, tenho começado a sentir o corpo com mais frequência que o desejável. Não tive nenhuma lesão séria ao menos desde que comecei a correr – mas certamente esses sinais não são boa coisa.

Uma luz amarela já começa a se acender – de novo.

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Checkpoint: Mente e corpo se desencontrando

É curioso como o corpo tem o seu próprio tempo, por vezes desconectado do que se espera a partir de teorias ou mesmo experiências alheias. 

Voltei bem da África, pronto para ganhar as ruas de volta já na quarta imediatamente após a Comrades. Fiz outro treino na quinta, outro no sábado. 

De repente, depois do longão (que, na verdade, não chegou a ser tão longo assim), a musculatura começou a reclamar. Alto. 

Sem problemas: desisti das ruas na terça – mas segui adiante na quarta, já devidamente motivado. 

Não consegui me segurar: na quinta, ao invés de 1h leve, fiz 1h30 com direito a dois tempo runs de 30 e 20 minutos cada. Mas estava inteiro e segui com alguns amigos para o Pico do Jaraguá, onde fiz duas subidas e descidas somando pouco menos de 900m de ganho altimétrico. Curiosamente, voltei muito, mas muito inteiro. Nada de dores e uma sobra de energia impressionante. 

Até hoje, pelo menos. 

Acordei com os músculos meio colados, tensos e fui para 13k na trilha em torno do Ibira – não aproveitar o céu azul em um domingo cedo me parecia criminoso. 

Resultado: agora à noite, enquanto escrevo este post, o corpo todo parece reclamar. 

O momento que estou agora é esquisito: hiper motivado e com uma ansiedade monumental de passar horas em qualquer que seja a trilha, mas com uma fadiga poderosíssima. Uma espécie de descolamento de mente e corpo, creio. 

Hora de dar tempo ao tempo. 

Amanhã é dia de descanso: vamos ver se o corpo alcança a mente para uma sessão com 15 minutos de tempo run na terça. Se não alcançar, rearrumo a programação – mas nada de forçar. Se conseguir, pelo menos. 

No final do mês, afinal, tenho 50K em Atibaia para os quais quero estar absolutamente em forma! 

  

Quebrando no treino

Ignorar o bom senso nunca foi uma boa ideia.

Quando saí ontem para treinar, sabia que estava bem pela metade. A corrida da noite anterior, de alta intensidade, ainda estava marcada na musculatura e gerando mínimas – porém existentes – pontadas a cada passo mais apertado.

Ainda assim, saí. E para um treino de intensidade ainda maior: dez tiros insanamente rápidos de 3 minutos cada.

Some ainda uma ladeira até o Parque Villa-Lobos e pronto: a receita da quebra estava dada.

O aquecimento foi tenso, lento, dolorido.

O primeiro tiro veio quase como um alívio pois, evocando músculos diferentes dos do trote, acabou relaxando as pernas. Pelo menos por algum tempo.

1’30” de trote leve. Segundo tiro. Doeu mais.

O trote leve seguinte virou uma caminhada.

Terceiro tiro. Ritmo bem mais lento e dor bem mais intensa.

No quarto tiro estava um caco.

No quinto, resolvi assumir a quebra.

Voltei ladeira acima, trotando leve.

No final das contas, acabei conseguindo realizar meio treino.

Valeu por lembrar que é sempre melhor ouvir o bom senso antes do que durante – afinal, certamente a história seria outra se eu tivesse deixado um dia inteiro para descanso ao invés de tentar desafiar a mim mesmo tão desnecessariamente.

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