Sair para correr às 5:30 da manhã foi difícil. Desisti por conta de pernas moídas de tanta areia fofa.
Uma hora depois, acordei. Abri a janela: mar azul e areia branca, infinita, me fizeram ficar arrependido até o último fio do cabelo. Mas, àquela altura, não havia mais tempo: estava na hora de conhecer Canoa Quebrada.
Serei sincero: chegar em uma barraca gigante esbanjando um som no talo que vomitava uma mistura de Axé com Sertanejo com Fábio Junior não é exatamente o que entendo como perfeição. A distorção criada entre aquele barulho todo e o cenário paradisíaco era péssima.
Desisti de desistir: descalço, fui praticamente sugado pelo percurso de areia que se estendia à minha frente e comecei a correr. Não muito – queria apenas fazer uns 6 ou 7km para arejar as pernas, para regenerar a musculatura e oxigenar os ouvidos. Nenhuma decisão poderia ter sido melhor.
Poucos metros depois da barraca infernal, o vento apagava qualquer rastro de som e era tudo apenas mar azul turquesa, areia branca, dunas e céu azul.
No horizonte, torres eólicas se enfileiravam: estava na margem oposta do rio onde o cachorro avançou sobre mim no primeiro dia. Do outro lado, até o estado de espírito parece mudar.
Entre passadas e suor escorrendo pelas costas, só uma sensação de paz absoluta dominava. E mais: o calor, no final, foi rapidamente eliminado com um mergulho extremamente bem vindo no mar cearense.
Estava revigorado ao ponto em que nem o insistente barulho incomodava mais.