Ontem à tarde, recebi do André Zumzum um relatório completíssimo sobre tudo o que ocorreu nos bastidores da ultra. Como a prova inteira foi tomada por um clima de colaboração sem igual, decidi postar aqui no blog para que todos pudessem compartilhar um pouco da visão de quem estava em um papel misto de testemunha e, claro, protagonista.
Segue abaixo:
Nem sei por onde começar, não sei do começo, do meio ou do final, todos os começos são fenomenais, inesquecíveis e tinham em si um brilho único. Muitos dos que vão ler pouco me conhecem, então digo logo, não sigo muitos padrões, e até gosto de não segui-los, não que não siga as regras, afinal, nem sei de regras eu falo.
Começando do final, confesso que fiquei muito agradecido e feliz com a Ultra Estrada Real, foi fantástico, resumindo tudo, tínhamos um bando de loucos, uns com experiência, outros sem, afim de correr um trecho da estrada real de 88 km. Até momentos antes da largada não tínhamos nada pronto, e em minutos, nos organizamos de tal forma que o evento foi um sucesso. No apoio, em sua maioria, de pessoas que nunca antes haviam feito nada do tipo, mas que estavam dispostas a fazer o que foram fazer, serem voluntários, e assim como diz um velho ditado, nada é mais forte que um coração de voluntário.
A largada as 5h30m foi uma acertiva enorme, assim como a duração do evento, 16 horas, horário dos últimos concluintes, que foram demais, mesmo com uma enorme pressão para que desistissem, continuaram, e assim fui com eles ate o meu final, o trevo de Mariana, o ultimo local de apoio.
Tivemos alguns trechos com problemas, como a saída de Catas Altas, logo após a Lagoa, uma que tinha uma pontezinha de passagem única, algumas pessoas se perderam por ali, mas nada demais. Outro trecho, poucos quilômetros depois, na saída do asfalto, 5 pessoas se perderam, os de mais sorte, apenas 500 metros, mas alguns foram mais longe, 1,5 km, 5 km, 9 km e ate um com 15 km, esse ultimo me chamou muito a atenção, encantado pelo local, voltou a correr, era um dos primeiros, e não desitiu.
Acho que nesses locais deveríamos ter dado um reforço na marcação do caminho, somente nesses trechos, de resto, o caminho estava muito bem marcado, e se guiar pelos marcos, é algo maravilhoso.
No final não gostei muito do trecho de Mariana a Ouro Preto, muito asfalto, transito intenso, e uma dificuldade imensa de dar apoio, justamente onde mais se precisava desse apoio, por bem , todos entenderam a dificuldade de dar apoio ali. E também no centro de Ouro Preto, que por conta do feriado, estava lotado, e a Policia Militar junto da Guarda Municipal dificultaram um pouco a nossa vida ali, não permitindo estacionar, mas depois de um chorinho, tudo resolvido. Não que fossem culpados, mas a cidade cheia, e associado de um pouco de descuido nosso, por não avisa-los com antecedência.
Muitas pessoas sugeriram que o evento acabasse em Mariana, achei a ideia fantástica, e gostaria muito da opinião de vocês, mais tarde digo o porquê.
Voltando ao inicio, há um tempo atrás, recebi um convite da Zilma para ajuda-los em um evento, era como um treino, onde todos seriam auto-suficientes, algo como um Sallomon, mas a adesão de corredores foi aumentando, e chegamos a mais de 100 inscritos, nos empolgamos, e resolvemos que seria legal ter uma lembrança daquele momento, e pedimos a um artesão que fizesse um marco, em pedra sabão, e quem desejasse ter bastava comprar, não era obrigatório. Depois foi a vez da van, muitas pessoas optaram por ficar em Ouro Preto, e assim necessitávamos de uma van que os levasse até a largada, e foi feito, fizemos uma lista de interessados, que logo chegou a 15 pessoas, uma van. Nessa hora, pedi a van que voltasse fechando o percurso, caso alguém passe mal, poderia ter na van, uma forma de ir embora. Outra assertiva, a van voltou com 3 pessoas. Não so por isso, tínhamos um motorista muito bacana e solidário com os atletas, uma paciência rara de se ver em motoristas profissionais, loucos com esse trânsito caótico.
Na semana do evento tinha uma folga e viajei, mas sabia, isso me deixaria louco, por mais que eu não era o responsável direto pelo evento havia me prontificado a ser a pessoa encarregada das cosias por aqui, e como sempre digo, não somos obrigados a falar nada, mas somos obrigados a cumprir com o que falamos. Mas não deu nada, apenas uma correria na hora de ir embora, mas normal, sempre é mais corrido a medida que a largada se aproxima.
Acho que agora chegamos ao meio dessa historia e na parte final dessa nota oficial carregada de opinões pessoais, afinal, a ultra foi bem isso mesmo, foi um evento que mais parecia uma confraternização, tudo conspirava a favor.
A parte do meio da historia, pode-se dizer que começa pela manhã do dia 4, foi terrível, era madrugada, eu dormia, quando o telefone tocou, era um atleta, havia perdido a van, e eu estava em Mariana, nada podia fazer, e claro, meu celular por alguma razão não carregou, quase morri, nada podia fazer, afinal, a prova começaria em instantes, não daria tempo de busca-los e votlar a tempo da largada. Mas graças a Deus deu tudo certo, eles tomaram a iniciativa de pegar um taxi e chegaram a tempo, e não era apenas uma pessoa, mas quatro. Mais tarde tudo foi resolvido.
E foi chegada a hora da largada, pouco sabia sobre o caminho, mas era o suficiente, o pessoal que foi dar apoio ansioso para saber o que fazer os atletas querendo informações e eu no meio disso tudo, subi no carro, falei aos atletas, damos a largada, ora para o sentido errado, ora para o sentido certo, mas foi. Ao apoio pedi que esperassem e que fossem para Catas Altas, assim passaria parte da ansiedade, e com menos pessoas ficaria mais fácil ter um dialogo. Fiquei surpreso e feliz com a disposição deles em ajudar. Houve quem me perguntasse porque eu estava tão dedicado por aquele evento, se nem era o responsável por ele, a resposta foi na lata e bem simples, porque eu havia me comprometido com Ricardo e a Zilma, e faria o que fosse o certo a ser feito.
Eu também, não menos ansioso, não me aguentando, fui atrás deles, e logo descobri que faltavam alguns, foi ali que descobri que não tinha a menor ideia de quantas pessoas estavam participando, resolvi fazer então uma lista de chamada, que seria aferida toda vez que cruzasse pelo atleta, e foi assim, com essa lista que descobri rapidamente, que alguns atletas haviam se perdido no asfalto. Mas a lista me trouxe algo a mais, com ela aprendi o nome de todos os atletas, e me aproximei deles, criamos um laço, estreitamos relações, eles se sentiam queridos, protegidos e nos, mais calmos, afinal essa paz foi o sucesso da prova, todos se sentiam protegidos e amparados.
Enfim essa é o ultimo paragrafo, aquele momento de agradecimentos e de algumas palavras de esperança. Por isso gostaria de agradecer a todos que me ajudaram atletas e amigos, próximos e distantes. Aprendi muito com vocês podem ter certeza disso. No final restou uma pergunta no ar: Vai ter ano que vem? A resposta, sim.
Por favor, contribuam, digam o que pensam, opinem e nos ajude a melhorar sempre.
Lembrem-se o sucesso do evento se deve a vocês corredores, sem vocês não haveria nada, e se deu tudo certo, a maior parte do mérito foi de vocês que com muita paciência e carinho fizeram do caminho o que foi.
Abraços
André Luis
diretor@caminhosderosa.com.br