Já me peguei pensando algumas vezes na maravilha que seria ter todo o tempo do mundo para correr.
Sair para uma trilha em plena tarde de uma quarta qualquer ou usar um dia útil para um longão. Correndo o risco de esbarrar na máxima de que “a grama do vizinho é sempre mais verde que a nossa”, às vezes é complicado ser um corredor amador.
Nossa dificuldade, afinal, não é com tênis, terreno ou prevenção de lesões. Tudo isso é coadjuvante.
Nossa dificuldade é conseguir encaixar, cirurgicamente, tempos para treinos em meio a agendas ridiculamente apertadas.
Veja o começo dessa minha semana, por exemplo: amanheci cansado na segunda por conta de uma prova no domingo. Poderia correr à noite – mas fiquei entrando e saindo de reuniões até as 21:00. A partir daí, voltei para casa, tomei um banho e corri para a rodoviária.
Tinha uma reunião marcada em cima da hora em Joinville e, com todos os vôos lotados, só me restava encarar a estrada.
Cheguei lá às 7:00 e voei para o compromisso às 9. Que foi até as 10:30, dando o tempo exato para eu me mandar até o aeroporto e pegar o vôo do meio dia.
Chegando em Sampa, jogo do Brasil. Sem comentários.
Dormi cedo, exausto – e acordei mais cedo ainda. O feriado de hoje é só São Paulo – e uma reunião em Brasília me fez madrugar para pegar o vôo das 6:30. Como volto ainda hoje, às 19:00, não há como correr (pelo menos não no sentido “esportivo” do termo).
Resta deixar tudo para quinta, amanhã. E sexta, sábado e domingo, para não reduzir tanto o volume.
Acordando cedo em uma semana absolutamente exaustiva para também não prejudicar o sagrado tempo com a família.
Não digo que vida de atleta profissional seja fácil, claro.
Mas vida de atleta amador também é complicada por incluir um componente a mais – o malabarismo com o tempo – no cotidiano.
E isso cansa mais do que qualquer intervalado.