O que nos faz perder velocidade: ultras ou não saber treinar?

Quando fiz a Maratona de Chicago, em outubro de 2013, meu treinamento girou quase todo em cima de velocidade – com intervalados de sobra e tempo runs até não poder mais. Foi cansativo e intenso – mas gerou o meu recorde pessoal de 3h38. Nada de espetacular, devo assumir, embora importante para mim.

Foi nessa época que, ao garantir tempo para a baia C da Comrades, comecei a treinar para a ultra. Matei os intervalados e fartleks e me concentrei apenas em morros e tempo runs. Depois, na medida em que o tempo na rua subia, acabei trocando as tempos por volume. Resultado: minha velocidade despencou.

Fiz Comrades dentro da minha meta de sub-11 mas senti que poderia ter me saído melhor.

Quando voltei para Sampa, voltei a dar mais atenção a velocidade. Um treino específico na planilha me “acordou”, por assim dizer: 1 hora em pace de maratona.

Bom… no meu caso, isso significava algo na casa dos 5’/km – pelo menos de acordo com o tempo de Chicago. Mas quem disse que consegui? Se muito, mantive esse ritmo por 10 minutos antes de quase engasgar na respiração!

A meta estava, portanto, definida. Não sabia em quanto tempo, mas definitivamente precisaria recuperar a velocidade que se perdeu nos treinos de ultra.

Já cheguei a comentar sobre isso no último post, mas o fato é que estou me esguelando em treinos duros, fortes. E não é que eles estão dando resultado mais rapidamente do que o imaginado?

Hoje saí para quatro tiros de 6 minutos (algo que beira uma tempo run). Como tenho prova no domingo, a ideia era não me matar e pegar mais leve.

Olhei para o relógio em um dos tiros: estava a 4’30″/km praticamente sem alterar a respiração! De alguma forma, talvez magicamente, alguma parcela da velocidade parece ter voltado às pernas mesmo com apenas um mês de treino intenso!

Nos tiros seguintes, a mesma constatação. Estava bem, inteiro e, ao menos pelos parâmetros pós-Comrades, veloz.

Por outro lado, meu volume semanal caiu para a casa dos 65km, ao menos por enquanto. Isso será um problema?

Dado que ainda restam 2 meses para o DUT, tudo aponta para um “não”. A princípio, tenho tempo para ganhar volume e essa recuperação de velocidade deve ser mantida em uma espécie de equilíbrio que não sacrifique nenhum dos dois elementos.

Sempre ouvi dizer que corredores de ultra são lentos por natureza. Mas talvez isso não seja exatamente verdade. Talvez seja apenas uma questão de saber dosar bem o treinamento, algo que realmente fica mais difícil na medida em que os quilômetros se alongam.

Difícil, no entanto, sempre esteve longe de ser impossível. Não é?

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