Asics São Paulo City Marathon: perfeita

Já na largada se percebia a diferença. Mesmo com 15 mil pessoas prestes a enfrentar os 21 ou 42km, todas largando do Estádio do Pacaembu, não havia sequer sinal de confusão. 

Ao contrário: eu, que já saí correndo de casa e cheguei meio em cima da hora, consegui entrar confortavelmente na minha baia. 

A largada em ondas – uma demanda antiga de corredores e sempre ignorada por organizadores – foi um óbvio sucesso para evitar tumulto. 

E, assim, saímos para uma corrida que começou com os primeiros raios de sol pelo centro velho da metrópole. Sou suspeito para falar: amo o centro tanto quanto amo São Paulo. Rodar por ele de maneira organizada, com amigos e postos de hidratação, foi um presente.

Presente maior foi ouvir uma banda tocar “Sampa” na esquina da Ipiranga com a São João, uma pequena orquestra entoar Bach em frente ao Municipal e acordes de Van Halen cortarem o frio na Galeria do Rock. Foi uma mistura digna do caldo cultural que é São Paulo.

E, do centro belo, decadente, majestoso e cheio de paradoxos, subimos e descemos a Brigadeiro. 

Fomos para o Ibirapuera, minha segunda casa, pulmão verde da cidade. Cortamos o parque até a Faria Lima, pulmão de negócios do maior centro de negócios da América do Sul.

Por um interminável túnel, atravessamos o rio até o outro lado. De lá, o verde e as cores dos Ipês já dominavam a paisagem inteira enquanto surpresas eram dadas pela organização – de vaselina extra a jujubas, passando pela valiosíssima Pepsi, amiga de todas as horas de quem gosta de longas distâncias.

Ponte cruzada, rumo ao Villa Lobos. Na frente do parque, claro, um quarteto de cordas entoava Bachianas Brasileiras como um presente. Voltamos.

USP, segunda casa de todos os corredores paulistanos. O dia estava já se azulando e esquentando a essa altura, o que apenas abrilhantava ainda mais o dia.

De lá foi uma reta até a chegada no Jockey, que contava com uma arena como São Paulo certamente nunca viu. 

Impressionante.

Acho difícil que alguém que tenha feito a Asics São Paulo City Marathon discorde de mim: esta foi a prova perfeita para a cidade. Percurso incrível, temperatura deliciosa, organização impecável.

Que seja a primeira de muitas.

Checkpoint: Mudanças no treino

O corpo nem sempre obedece o calendário gregoriano.

Na prática, meu mês de descanso foi novembro, pontuado por corridas leves e até mesmo desleixadas para compensar uma temporada dura, pontuada por Comrades, Indomit Bombinhas e Douro Ultra Trail e fechada com a duríssima Maratona de São Paulo em outubro.

Pois bem: descansei.

Dezembro é mês de sol, de calor e de algum alívio no trabalho: meu treinador tem aproveitado isso ao máximo agora. De maneira geral, as rotinas se dividem em duas:

  1. Treinos de qualidade, como tempos, intervalados e tiros, 3 vezes por semana
  2. Longões leves, mas cada vez mais longos, nos finais de semana

E devo dizer que estou achando a rotina perfeita: ela aumenta minha velocidade e, ao mesmo tempo, me permite passar as horas em trilhas que tanto amo em dias onde o tempo costuma passar mais devagar.

Foi por conta desse roteiro que comecei a desbravar São Paulo, percorrendo a região da Pinacoteca, o Ipiranga, o Jardim Botânico e o Horto, para ficar apenas em algumas. Na prática, é como se uma nova cidade se apresentasse cada sábado e domingo para mim. Perfeito.

Nesse final de semana, especificamente, correr o Horto e fazer novamente o Ipiranga acabou acrescentando uma altimetria maior do que a média, superando os 1.000m. Ultimamente, ganho altimétrico tem sido uma métrica quase tão importante quanto distância e pace para mim: é o maior teste de resistência para ultras que, afinal, costumam ser corridas em montanhas. Mil metros pode não ser nada, por exemplo, perto dos 4,5 mil da Douro Ultra Trail e de tantas outras – mas é um bom treino.

E, no total, essa soma de bons treinos em locais impensavelmente novos tem dado um gás novo para mim nesse final de ano.

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