Há cerca de 1 ano, levei minha filha para o zoológico de São Paulo. Ela, obviamente, amou – mas o que mais me chamou a atenção foi o vizinho Jardim Botânico, que desfilava ao lado da avenida um corredor gigante de palmeiras imperiais guiando os olhares para lagos e bosques aparentemente infinitos.
Com essa cena em mente, me mandei hoje até lá, correndo desde casa. O caminho não é exatamente belo: depois da subida da Bela Cintra e virada à direita na Paulista, é praticamente uma reta. Com pessoas apressadas já no sábado cedo, desviar os obstáculos humanos era o mais complicado.
Lá pela região da Praça da Árvore desci uma transversal e comecei a cortar por dentro, rumo à Rodovia dos Imigrantes. Não é a região mais atrativa, mas o pace aperta naturalmente quando passamos por favelas e sob pontes usadas como pontos de crack. Corri bem nesses trechos.
E, em meio ao que mais parecia grupos de zumbis, pichações e muito cinza, de repente aparece o majestoso Jardim Botânico.
Grande, imponente, verde e já com uma pequena fila de japoneses municiados com suas câmeras ansiosos por desbravar o oásis paulistano.
Certamente conseguiram o que foram buscar: já na entrada, uma passarela suspensa de madeira abre caminho para uma multidão de espécies de plantas, algumas habitadas por aves diferentes e macacos.
Saí caçando algumas trilhas que encontrei facilmente, margeando lagos e cenas que mais pareciam de filme.
Em um dado momento, me vi na nascente do Ipiranga – ponto que, mesmo seco por conta da estiagem, tem um valor simbólico importante.
Segui pela trilha, entrei mata adentro, subi e desci. Só beleza.
No caminho da saída, me deparei com a avenida de palmeiras imperiais que estava presa em minha memória e a percorri inteira. Perfeita.
Mas, como tudo na vida, há hora para acabar.
Tomei o caminho de volta para casa tomando o cuidado de cortar os trechos mais tensos de favela, o que acabei conseguindo. No caminho, apenas uma pausa para foto de uma igreja em estilo gótico no meio da Jabaquara e pronto: foi só descer à região do Ibirapuera, pegar a Brasil e voltar para casa.
Essa trilha urbana foi diferente das últimas no sentido de que só o ponto de destino foi realmente bonito. Diferente de cortar o centro, pontilhado por surpresas arquitetônicas e históricas em cada esquina, o caminho até o Jardim Botânico foi essencialmente feio e com alguns pontos perigosos.
Mas oásis são isso mesmo, certo? Pontos paradisíacos cercados por paisagens áridas. E, no final das contas, foram 30km que valeram muito, muito a pena!

Igreja Nossa Senhora da Saúde
Pingback: Checkpoint semanal: 80K com explorações pela cidade | Rumo às Trilhas
Pingback: Checkpoint: Mudanças no treino | Rumo às Trilhas