Lá fora, um dia ainda escuro convidava os lençóis a ficarem mais pesados e confortáveis. O barulho da chuva ninava crianças e adultos e a temperatura meticulosamente ajustada do ar gerava uma sensação de paz quase uterina.
Até que o despertador tocou.
Cenário quebrado, era hora de enfrentar a chuva em busca de 15km com direito a três sessões de 15 minutos cada de tempo runs. Perfeito para começar a semana.
Já saí do prédio ensopado, tomando banho de cima e dos lados quando os poucos carros que atravessavam a urbe às 5:15 da manhã decidiam surfar. Pulei poças, desviei aguaceiros e cruzei o que mais parecia um rio de lama até entrar no bom e velho Ibira.
Lá, a chuva apertou. Muito.
Tudo bem: gente não derrete.
Apertei o passo, quase emendando um tempo no outro e aproveitando que a tempestade havia deixado todo o Ibirapuera para mim. Uma volta, duas voltas, retorno.
As sessões de 20km da semana passada fizeram efeito: cheguei com a sensação de que ainda tinha muito gás para rodar. Nada de exageros: era hora de subir e tocar o dia que prometia ser bem mais intenso que eu imaginava.
Tomei banho.
Acordei minha filha e a arrumei para a escola. Fiz café. Me arrumei.
Desci para esperar a van escolar até perceber que não havia avisado que estava de volta a São Paulo e, portanto, ninguém passaria no prédio para pegar minha filha.
Subi de volta e peguei a chave do carro. Olhei para o relógio: tinha meia hora para um call inadiável.
Desci com ela no colo e, em tempo recorde, a coloquei na cadeirinha. Voei até a escola. Cheguei em 8 minutos, ao que se somaram mais 2 ou 3 até que alguém a pegasse do carro e a levasse para dentro da escola.
Voltei: mais 12 minutos.
Subi voando pelas escadas para não perder tempo: faltava ainda 3 minutos.
Abri a porta esbaforido e ligue o Skype no exato instante que meu call começou a me chamar. Ufa!
15 minutos depois, estava liberado.
Para começar o dia, claro. Afinal, ainda nem eram 9 da manhã!