São poucas as ocasiões – ao menos para mim – em que uma mudança de equipamento acaba sendo o ponto alto de toda a semana. Equipamentos são coadjuvantes, quase imperceptíveis se comparados às memórias (físicas ou mentais) acumuladas nas trilhas e ruas.
A não ser, claro, quando eles tem a capacidade de mudar o passado.
É assim que eu estou encarando o Garmin Fenix 2, relógio que estou usando desde a quarta. O motivo: com uma qualidade muito superior para marcar altimetria acumulada por contar com um barômetro, ele pôs em dúvida tudo o que eu acreditava ter como média de “escaladas” feitas no cotidiano. Coisas simples, como os 150m de subida diários nos meus 11km de bate-volta ao Ibirapuera, subitamente se reduziram à metade. Por outro lado, treinos como o de ontem, que incluiu uma subida e descida no Pico do Jaraguá mais todo o percurso de volta, somaram quase 300m a mais que o Forerunner teria mostrado.
Ou seja: o passado em si ficou uma espécie de bagunça. Nem imagino o que aparecerá nos gráficos daqui para a frente – se eles ficarão totalmente alterados ou se, na média de erros para cima e para baixo, ficarão como se nada tivesse acontecido.
“Sem motivo para pânico”, fico me repetindo: bagunçado ou não, os treinos sempre funcionaram e sempre consegui cumprir os meus objetivos, seja em provas com 4,5 mil metros de subida como no caso da Douro Ultra Trail, seja nas Comrades, seja na Ultra Estrada Real ou em qualquer outra.
Mas, para alguém obcecado por números e estatísticas como eu, um grau mais confiável de precisão é, ao mesmo tempo, desconcertante e bem vindo. É como se, agora, eu estivesse entrando em um novo capítulo dos treinos que mudasse um pouco a leitura de todos os capítulos anteriores.
Bom… desconcertante ou não, que bom que é mais preciso.