Parece que o destino me quer longe do Cantareira: depois de nova programação – a sétima – a falta de carro me fez desistir.
Tudo bem: se não tem Cantareira, tem Pico do Jaraguá. E como pacer durante o treino de 80k da Zilma, em pleno pico de preparação para os 246km do Spartathlon. Claro: a ideia não era fazer os 80k com ela: apenas os primeiros 30, incluindo uma subida e descida no Pico e a volta correndo até a minha casa.
E só amanhecer no Pico, sob um céu azul claro ainda se livrando da tênue neblina e com aquele cheiro de orvalho dominando o ambiente, já vale. É um dos lugares mais belos de São Paulo – um dos poucos, por exemplo, em que se pode cruzar com bandos de macacos no meio da rua.
A subida não é moleza, claro. Mas, se estiver bem preparado, também não é assassina. É só deixar a beleza ditar o pace e manter-se em trote contínuo até o topo, quando se pode encaixar a quinta marcha e descer mais solto que uma criança.
Já fui no Pico algumas vezes – mas essa foi a primeira em que voltei correndo. Valeu a pena.
O caminho corta um pedaço semi-rural no meio de São Paulo, se transforma em um bairro quase bucólico e, de repente, se abre nas regiões do City America e City Lapa. Ruas e avenidas amplas, absolutamente arborizadas, com praças bem cuidadas e tão diferente do que se está habituado e ver na urbe que, por um momento, se pensa estar em outro país.
Vantagens de uma cidade grande como Sampa: tem tanta coisaem tanto lugar que, de repente, você se pega descobrindo territórios que nem sonhava que existiam.
Fizemos o percurso inteiro guiado pelo Google Maps, inserindo apenas uma ou outra pausa para hidratação. O ritmo foi leve – ao menos para mim, que não teria mais 50km pela frente depois do término.
Mas foi também perfeito. Há dias em que se quer apenas passar um tempo na rua jogando papo para fora e botando quilômetros para dentro. Quando isso acontece por locais tão singulares quanto o entorno do Pico do Jaraguá, então, nada pode ser melhor.
Só espero que tenha sido um bom pacer!