De repente, no meio do Ibirapuera, uma dor difusa começou a se espalhar pelo joelho direito.
Ignorei.
Segui em frente, confiante de que não haveria de ser nada. Por via das dúvidas, conferi e endireitei a postura.
A dor passou.
Maravilha: continuei. Fechei a volta no Parque, cruzei a República do Líbano, adentrei a Groenlândia.
Até que ela voltou – só que mais forte. Diminuí o pace. Melhorou.
Depois piorou.
Caminhei.
Passou.
Trotei.
Voltou.
Àquela altura, a angústia já estava mais forte do que a dor em si – o que não significa que ela fosse de se ignorar. Em ritmo mais lento que o de um cágado, segui caminhando por quase 1km. Metas passaram pela cabeça, lembranças posturais pelo corpo, paces lerdos pelo Garmin.
Em um determinado momento, percebi que não havia mais dor. Queria tentar de novo, trotar, correr, perguntar ao corpo se ele havia melhorado daquele esquisitíssimo “mal súbito”. Dessa vez fiz diferente: decidi voar tal qual o Usain Bolt na expectativa de que velocidade e biomecânica encontrassem algum tipo de equilíbrio. Acelerei, voando pela Estados Unidos e cortando as ruelas do Jardim Europa como raras vezes fiz no passado. A cada segundo fazia uma auto-análise: estava bem. A difusão da dor estava quase imperceptível de tão leve e, se muito, diminuía a cada passada.
Quando cheguei em casa estava quase intacto. Quase: alguma coisa esquisita, afinal, havia acontecido.
Ainda é cedo para saber o que foi – mas talvez valha uma corrida hoje à noite, em algum ambiente mais controlado, para que eu consiga entender se foi apenas um susto de mau gosto ou um sinal de algum mal maior.
Torçamos para que tenha sido só um susto.