Alienado?

Correr no Ibirapuera neste lindo dia de “quase-outono” enquanto o Brasil inteiro está entrando em colapso me fez sentir um alienado. Me incomodou.

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O pior é que acho que só mesmo um outro treininho pode injetar as endorfinas necessárias para tirar o incômodo :-p

 

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A dor que veio de penetra

De repente, no meio do Ibirapuera, uma dor difusa começou a se espalhar pelo joelho direito.

Ignorei. 

Segui em frente, confiante de que não haveria de ser nada. Por via das dúvidas, conferi e endireitei a postura. 

A dor passou. 

Maravilha: continuei. Fechei a volta no Parque, cruzei a República do Líbano, adentrei a Groenlândia. 

Até que ela voltou – só que mais forte. Diminuí o pace. Melhorou.

Depois piorou. 

Caminhei.

Passou.

Trotei.

Voltou.

Àquela altura, a angústia já estava mais forte do que a dor em si – o que não significa que ela fosse de se ignorar. Em ritmo mais lento que o de um cágado, segui caminhando por quase 1km. Metas passaram pela cabeça, lembranças posturais pelo corpo, paces lerdos pelo Garmin. 

Em um determinado momento, percebi que não havia mais dor. Queria tentar de novo, trotar, correr, perguntar ao corpo se ele havia melhorado daquele esquisitíssimo “mal súbito”. Dessa vez fiz diferente: decidi voar tal qual o Usain Bolt na expectativa de que velocidade e biomecânica encontrassem algum tipo de equilíbrio. Acelerei, voando pela Estados Unidos e cortando as ruelas do Jardim Europa como raras vezes fiz no passado. A cada segundo fazia uma auto-análise: estava bem. A difusão da dor estava quase imperceptível de tão leve e, se muito, diminuía a cada passada.

Quando cheguei em casa estava quase intacto. Quase: alguma coisa esquisita, afinal, havia acontecido.

Ainda é cedo para saber o que foi – mas talvez valha uma corrida hoje à noite, em algum ambiente mais controlado, para que eu consiga entender se foi apenas um susto de mau gosto ou um sinal de algum mal maior.

Torçamos para que tenha sido só um susto.

  

Intervalados para aprender a (des)acelerar

Eu havia abandonado treinos de tiro, intervalados ou mesmo tempos na reta final da preparação para Comrades. Por algum motivo, a combinação de longos cada vez maiores com intensidade simplesmente não funcionaram – e acabei abrindo mão do último.

Com o tempo, acabei desenvolvendo uma espécie de “mono-pace”: fosse acelerando ou trotando, acabava sempre próximo da faixa entre 5’50” a 6’10”.

Uma das minhas metas agora é mudar isso. Está claro que, na medida em que os desafios aumentam, um domínio maior sobre as marchas do corpo é fundamental. Preciso conseguir correr mais rápido nos momentos certos e desacelerar de verdade para poupar energia nos outros.

Intervalados, portanto, já voltaram à minha rotina. Não são exatamente curtos – os de hoje incluíram 5 x 5 minutos na casa dos 4’30″/km com 1’30” de descanso e sanduichados por aquecimento e desaquecimento de 20 minutos.

Não que os tiros em si tenham sido fáceis – voltar a essa rotina e, embora gostoso, dolorido. Mas o mais difícil é forçar a queda da velocidade nos tempos de descanso, evitando uma volta natural (e bastante prejudicial) ao mono-pace.

E, exceto pelos longões de sábado, parece que marcar bem a diferença entre trotar e voar será uma das partes mais importantes de todo esse processo rumo ao DUT.

(Quando poderia imaginar que desacelerar seria a parte mais difícil?)

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