Cruzar uma montanha é revigorante em qualquer circunstância – destacando dias de céu azul contrastando com o verde forte e úmido da Mata Atlântica.
Mas a trilha de ontem ficou devendo algo importante: uma bela vista de cima. Quando cheguei ao topo, afinal, estava cercado por mata fechada e alta, praticamente me impedindo de “sentir” o cume.
Quis evitar isso hoje e me informei com amigos em Paraty antes de me embrenhar pela mata de novo. Indicaram outro caminho, saindo da estrada Paraty-Cunha e cruzando a Estrada do Condado. Lá há um portão semi-aberto com uma placa dizendo “Birds Paraty”. E setas: indicações para toda uma diversidade de trilhas levando ao cume.
Segui sem pensar duas vezes. As trilhas estavam mais secas mas com trechos mais técnicos e íngremes. Não havia mais ninguém por perto – perfeito quando se quer sentir melhor um lugar.
Alternando subidas com corridas, fui seguindo indicações e bebendo cada um dos cenários, com direito a sons, cheiros e toda uma profusão de cores. Passei por uma estrutura de madeira, alta, feita para se observar pássaros; segui em frente. Me guiei pelas subidas – afinal, elas sempre levam a lugares mais altos.
Até que, de repente, uma pedra gigante se colocou no caminho com uma escada de madeira indicando que ali era o ponto de chegada.
Subi.
E, de cima, com um suspiro de susto bem vindo, vi toda a cidade de Paraty estendida como um tapete entre o mar e as montanhas.
Impressionante.
A preocupação com pace, tempo e qualquer outra futilidade evaporou e eu simplesmente parei e fiquei lá por alguns instantes, fotografando e bebendo a vista.
Em lugares assim, o que faz alguém preferir correr no asfalto?
Difícil, quase impossível de compreender.
Na volta, diversão pura: poucas coisas são mais empolgantes do que descer uma trilha voando, saltando galhos e trotando a uma velocidade além do plausível.
Quando cheguei de volta à base estava ainda tão entusiasmado que rodei um pouco mais pela Paraty-Cunha, voltei e corri pela Rio-Santos até entrar na cidade e dar o dia por encerrado.
Comigo, trouxe imagens no IPhone e na mente que se somam no tipo de experiência perfeita que dá mais sentido ao próprio ato de correr.
Sensacional.





