Regenerativos ilogicamente efetivos

Por definição, treinos regenerativos são curtos e leves, tendo um efeito analgésico no corpo depois de treinos mais intensos. Pela lógica, eles não fazem sentido: como, afinal, aplicar qualquer tipo de esforço ao corpo cansado pode fazê-lo descansar? 

O problema é que funciona. 

No meu caso, ainda, costuma fazer algo ainda mais ilógico – como rodar 15km no domingo depois de correr uma maratona no sábado. Sob qualquer parâmetro, 15K dificilmente se enquadram no que se pode chamar de “regenerativo”. Eu sei. 

Mas repito: funciona. 

Funcionou. 

Quando cheguei de volta no sábado estava tão mastigado que até o tornozelo inchou. O ato de locomoção, durante todo o sábado, foi desafiador. No domingo, acordei mais ou menos do mesmo jeito. 

E aí decidi dar uma volta no Ibirapuera. 

O incômodo todo evaporou no segundo quilômetro. A partir daí estava novo. E mais: no km 10 já estava querendo mais, curtindo mais os metros pela frente do que os que estavam ficando para trás. 

Quando cheguei em casa de volta estava pronto para encarar não apenas a semana que começaria a partir dali, mas todo um novo prospecto de treinos pesados. Dá para entender?

Não. Há uma lógica torta com regenerativos: eles não fazem sentido algum, mas funcionam.

Efeito placebo? Pode ser. Mas faz alguma diferença? 

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Cansaço no regenerativo, biomecânica e joelho

Até alguns meses atrás, dificilmente eu fazia treinos de menos de 1h30. Pudera: como o esforço era quase sempre o mesmo, treinos “intensos” acabavam se confundindo com regenerativos em uma espécie de monotonização dos ritmos.

Nessa nova fase, em que estou buscando dividir bastante paces fortes de trotes, os efeitos já começaram a se mostrar. Hoje, por exemplo, a planilha marcava um regenerativo depois de um dia com intervalados bem intensos ontem. Separei 1h30, habituado pelo passado.

1h30? O cansaço começou a bater antes, deixando claro que estava já passando a barreira da recuperação ativa e cansando um pouco mais músculos já cansados. Acabei cortando alguns minutos e chegando a uma conclusão importante: tempo e esforço, bem dosados, tem que compor juntos um treino de médio e longo prazo. Explico: se o esforço foi grande no dia anterior, então tanto esforço quanto tempo tem que ser menores no dia posterior para viabilizar a recuperação. Parece óbvio, eu sei. Mas nem sempre essas obviedades pulam à nossa frente quando estamos focados em aumentar rodagem e se preparar, principalmente no lado mental, para maiores distâncias.

Mas o que realmente está me incomodando nem é isso. Por conta da transição para as trilhas, tenho corrido o tempo todo – exceto hoje – com a mochila de hidratação.

E já estou até adaptado a ela, acho. O problema é que a minha biomecânica ainda não entendeu o que está acontecendo.

De repende, mudo meu centro de gravidade ao adicionar alguns quilos nas costas. Mudo pisada, assumo novas dores, corrijo postura.

Depois os quilos somem por um dia – e a adaptação feita tem que ser instintivamente desfeita para que volte ao estado anterior.

No vai e vem, terminei o dia com uma dor chata no joelho esquerdo que já ne acendeu a luz amarela. Nunca tenho dores em joelhos, que costumam ser sinal de problema no tipo de pisada. Se elas apareceram agora, certamente tem a ver com esse processo de adaptação biomecânico.

Preciso pesquisar um pouco mais sobre isso, mas está claro que um esforço consciente maior é necessário para forçar o instinto a adaptar a pisada dependendo do peso extra carregado.

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