Ode ao Cantareira

Terceira maratona do mês concluída.

O corpo está moído de cansaço acumulado e agradecido pela planilha indicar uma semana de descanso no horizonte. Mas uma coisa é fato: dificilmente eu poderia ter escolhido local melhor para correr do que esse conjunto de Horto com Cantareira.

E mais: no Cantareira, deu ainda para partir do Núcleo Pedra Grande e chegar ao Núcleo Águas Claras aproveitando trilhas daquelas perfeitas se abrindo no caminho!

Há como falar mais? Não sei. Mas há como mostrar:

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Checkpoint: Sentindo o efeito

Há semanas em que sentimos na pele o efeito do treinamento. 

Nesta, comecei com uma meia na terça, emendei 11k na quarta com 15 na quinta e rodei uma maratona ontem e uma quase meia hoje. No total, 107km.

Mas o mais interessante foi que acabei relativamente inteiro, tendo fechado o domingo – um dia depois da maratona – com o melhor pace de toda a semana.

Isso sem contar uma altimetria acumulada bem boa e o fato de eu ter entrado, finalmente, no Parque da Cantareira.

Perfeito.

Vamos ver se isso tudo se segura na semana que vem: em tese, afinal, há mais duas de pedreira pura pela frente antes de um novo “descanso”!

Cantareira

Fazia tempo – muito tempo – que eu planejava desbravar o Parque da Cantareira. 

Nas duas tentativas anteriores dei de cara com o portão fechado: o parque abre para o público apenas quando as condições meteorológicas indicam possibilidade nula de chuva. E, com isso, a soma da distância da minha casa com o imprevisível do tempo foi deixando o parque lá no fundo da mente, como uma espécie de meta de treino a ser cumprida um dia. 

O dia foi hoje. 

Tinha uma maratona planejada para o treino, o que, por si só, já abria espaço para uma corrida até o final da Zona Norte. Chequei a meteorologia: nada de sol a pino, infelizmente – mas nada de chuva também. 

Segui. Na pior das hipóteses, imaginei, rodaria pelo Horto. 

Não foi necessário: às 8:15, quando cheguei na entrada do Núcleo Pedra Grande, a bilheteria estava aberta e algumas pessoas já perambulavam por lá. 

Entrei. 

Desliguei o podcast. 

Respirei o ar da Cantareira e me concentrei em tudo o que estava ao redor: pássaros, macacos, o cheiro da mata virgem, o ar limpo como São Paulo sonha em ter. 

Tomei o rumo da Pedra Grande. Confesso que não gostei do caminho até lá ser por asfalto, muito embora em (perfeitas) más condições e serpenteando por um caminho que mais parecia ter sido retirado do paraíso. 


Não marquei a quilometragem até lá: estava tão entusiasmado com a beleza do local que esqueci desse detalhe. Detalhe mesmo, reforço: há algumas corridas tão em sintonia com tudo o que existe que qualquer tentativa de marcação ou controle mais parece ingenuidade. 

Sejam lá quantos quilômetros tiverem sido, em algum tempo cheguei a uma clareira. Olhei: era a Pedra Grande. Subi. 

Mal acreditei: em minha frente, um paredão de floresta virgem parecia abraçar a maior metrópole da América do Sul, apequenando-a, emoldurando-a como se fosse apenas um ponto cinza no mar verde. Uma outra perspectiva da cidade se desenhou em minha mente: nada de uma São Paulo disforme, gigante, metendo medo na natureza com seu poderio industrializador: de lá do alto da Cantareira, a cidade parecia tímida, como que encolhida no pouco espaço que a natureza permitiu à civilização. Difícil até de imaginar essas palavras – talvez sejam do tipo que só vendo para crer. 


Passei alguns minutos ali, tentando registrar em fotos aquela beleza poderosa. Falhei. Nem os filtros do Instagram fizeram as imagens chegar aos pés da realidade. 

Segui em frente na corrida, dando a volta na Pedra e voltando. No caminho, entrei pelas trilhas que apareciam: do Bugio, das Figueiras, da Bica. Todas pequenas, de 1 a 1,5km – mas todas permitindo uma incursão mata adentro por single tracks perfeitos. Daria para passar horas ali apenas vendo, ouvindo, sentindo. 


Bebendo das bicas pelo caminho com aquela água clara, gelada, deliciosa. Voando trilhas abaixo, naquele tipo de brincadeira de velocidade que sempre termina com um sorriso involuntário no rosto do corredor. 

Daria para ir e voltar pela estradinha incontáveis vezes. 

Só que era hora de voltar. 

O retorno, aliás, ajudou na perspectiva: me imaginei entrando naquela minúscula cidade que vi de lá da Pedra Grande. 

Minúscula de longe, imensa de dentro: cruzei a Zona Norte, atravessei a Marginal Tietê, voei pela Barra Funda, subi a Pacaembu. Ao meu redor, só gigantezas: as avenidas, os zunidos, os prédios, as casas. 

Em um dado ponto, olhei para trás: dava para ver apenas alguns morros distantes ao fundo – morros que pareciam tímidos de tão pequenos. Nada de paredão verde, de floresta, de mata atlântica: estava no inverso. 

Mas pelo menos já sabia que o que via não era, necessariamente, o retrato da realidade. 

  

Parque da Cantareira?

Véspera de longão.

A vontade de deixar a cidade e correr para alguma trilha é intensa – para dizer o mínimo. O propsecto de correr por 3 horas (ou mais) é sempre positivo para mim, mas estou um pouco cansado de asfalto. 

Precisava de alguma trilha mais punk para animar pernas e alma, de alguma paisagem diferente de prédios, casas e palacetes pichados como os que decoram o centro de São Paulo. 

Pela previsão, amanhã vai fazer sol. Talvez seja o dia perfeito para eu visitar a Cantareira…

  

Trilha Urbana: Pelo Horto

O incrível de cidades grandes como São Paulo é que elas nunca param de surpreender.

Hoje, meu plano era ir ao Parque da Cantareira e fazer 3 horas de trilhas por lá, desbravando matas e absorvendo vistas. Não deu: assim que saí do carro fui informado de que, por conta da garoa que insistia em cair, o parque não abriria hoje.

Plano B: Horto Florestal.

Não conhecia o Horto mas sabia que ficava a cerca de 500 metros da Cantareira. Fui até lá e entrei.

Primeira impressão: o lugar é lindo. Verde, cheio de sons vindo do céu e de dentro da mata e extremamente bem cuidado. A segunda impressão veio quando olhei o mapinha do local: cada volta tinha menos de 3km! Para completar as 3 horas seria necessário dar tantas voltas que, provavelmente, acabaria tonto!

E essa é a parte que a cidade surpreende. Decidi ignorar o traçado e sair guiado apenas pelos pés. No começo, até segui o percurso demarcado – mas por menos de 5 minutos. Avistei algumas entradas escondidas: entrei.

Descobri trilhas escondidas – algumas, confesso, parte do vizinho Parque da Cantareira desvendadas por fendas em trechos das grades o separa do Horto. Fui assim mesmo, embora com mais cautela.

O único problema é que nenhuma das pequenas trilhas tinha qualquer tipo de demarcação – algo meio complicado para quem tem un senso de localização tão ruim quanto o meu.

Mas, ainda assim, elas eram pequenas e fáceis de encarar.

Na saída, decidi sair do Horto e dar voltas por fora, pela região. Ideia ótima para somar quilômetros e que acabou sendo repetida mais uma vez, mas que deixou saudade da mata. Cheguei até a esticar um pouco pela Estrada de Santa Inês, rumo ao Velhão, mas desisti depois que o acostamento desapareceu e o perigo aumentou. Não estava lá para isso.

Resumo: correr no Horto foi como descobrir uma mini selva dentro de São Paulo – e aproveitá-la ao extremo.

Amei o lugar – mas, na semana que vem, espero que o tempo colabore para que eu possa descobrir a Cantareira!

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Parque Estadual da Cantareira?

Na busca pela aventura do próximo sábado, me deparei com fotos do Parque Estadual da Cantareira.

A 10km da Sé, aproximadamente, o que faz dela perfeita para um longão de 3 horas. Ainda não sei se vou correndo de casa ou se vou de carro até lá e aproveito mais tempo no verde – tudo depende da segurança do percurso.

Mas, pelo que li, há trilhas incríveis, vistas deslumbrantes, cachoeiras, mata atlântica preservadíssima e tudo o que se pode desejar em um treino mais aventureiro. Aliás, os elogios na rede são tantos que fiquei pensando como a Cantareira nunca sequer cruzou a minha mente!

Bom… agora é planejar um pouco mais. E torcer para me esbarrar em cenas como as das fotos abaixo:

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