Desde sempre, dividi o treinamento para o Caminhos de Rosa em duas partes.
A primeira, mais óbvia, incluía toda a planilha de 6 meses de treino exaustivo. Foi feita – resta apenas a fase de polimento, um cisco perto do tanto que já suei e me preparei.
A segunda era a espiritual, me impulsionando para dentro do universo de Guimarães Rosa.
Nos últimos 4 meses, portanto, li “Grande Sertão: Veredas” e as três obras que compõem “Corpo de Baile”: “Manuelzão e Miguilim”, “No Urubuquaquá, no Pinhém” e “Noites do Sertão”. Terminei a última história de “Noites do Sertão” na noite do sábado, já em estado de transe por toda a indescritível paulada cerebral todo aquele sertão me deu em suas 1.462 páginas.
Esse caminho de Rosa – o literário, não o físico – foi do tipo que precisa ser sorvido por algum tempo, que fica preso no nosso sistema sinpapsando metáforas e estalando conclusões sobre a vida, o mundo, o tudo.
Agora, é como se Riobaldo, Diadorim, Hermógenes, Miguilim/ Miguel, Dito, Manuelzão, Cara-de-Bronze, Grivo, Pedro Osório, Lélio, Dona Rosalina, Maria da Glória, Maria Behú e Dona Lalinha, Iô Liodoro, Nhô Gaspar e todos os loucos, as leis, as regras e as decisões do sertão estivessem já prontos para partir comigo.
São realmente poucas as provas que nos permitem entender tanto de nós mesmos quanto essa.
Que venha o sertão!