Basta olhar esta foto abaixo, que tirei ontem de manhã.
Poucos são os lugares que casam de maneira tão desconcertantemente perfeita a imortalidade dos arranha-céus da primeira metade do século XX à podridão fedorenta que se arrasta pelos chãos.
Poucos são os lugares que conseguem transformar promessas de um futuro glorioso em excrementos de um passado e presente tão decadentes.
Aliás, poucos são os lugares que mesclam tão abstratamente o Tempo, ignorando sua cronologia e misturando tudo em um caldo com doses do indígena, do colonizador, dos barões de café, dos magnatas da indústria, dos ambulantes, dos mendigos, das putas, dos padres, dos podres, do incenso, das fezes e urinas marcando o território mais animalesco dos homens.
Testemunhar isso em uma corrida é como receber as boas vindas de todos os anjos e demônios que perambulam, em alma ou em corpo, por lá.
De uma maneira esquisita, talvez até meio torpe, há que se amar o centro de São Paulo.