De volta

Voltar, depois de um esforço grande, sempre dói um pouco. O corpo parece meio enferrujado, os ossos reclamam, perde-se a noção de ritmo. Mas, ainda assim, faz bem.

Principalmente em um dia com quase 30 graus e um sol ardendo sobre a cabeça: sou apaixonado pelo calor. E, assim, saí hoje pela primeira vez desde a Indomit para um trote pela USP, somando pouco menos de 20K em um ritmo leve, confortável (dentro do possível) e feito para realinhar o corpo.

Funcionou.

Primeiro, porque cheguei mais tarde à USP, por volta das 10 da manhã, quando a maior parte dos corredores já estava de saída. Tinha o percurso mais livre e o dia mais quente para eu aproveitar.

Pude também rodar solto pela pequena trilha perto da subida do Matão, matando um pouco das masoquistas saudades que confesso que senti de lá de Bombinhas. A trilhinha da USP, no entanto, é bem, BEM mais leve. Carrega o ar fechado e abafado da mata atlântica, tem todos os sons de insetos que se pode esperar em uma floresta, um piso levemente úmido e feito de terra com folhas – mas sem nenhum trecho técnico.

Foi, em uma palavra, perfeito para que eu pudesse fazer as pazes com as trilhas que tanto me castigaram no sábado passado.

  

Depois disso, a subida do Matão me aguardava camuflando o calor com fios refrescantes de brisa enquanto fluxos bem vindos de pura endorfina atenuavam a percepção de esforço.

Foi um daqueles momentos em que nos sentimos no lugar perfeito e na hora exata.

Aquela subida foi precisamente o que eu estava buscando quando saí de casa hoje: a sensação de fluidez do corpo, a brisa acalmando o suor, os sons de passos esforçados contra o absoluto silêncio da mata que circunda tudo, o céu azul fazendo o chão brilhar.

Perfeito.

Não poderia ter pedido nada a mais desse dia.

Estou de volta.

  

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