Na rua, em pleno domingo de manhã cruzando o centro do Rio, elas cruzaram meu caminho. Sensacional.
Inesquecível.
Ver essas monstras ao vivo, de perto, é outra daquelas coisas que jamais se esquece.
Originalmente, a ideia de ir para a Olimpíada era mais para sentir o clima do evento no Rio: a soma de brasilidade com o maior evento esportivo do mundo e com a Cidade Maravilhosa dificilmente daria um resultado ruim.
E, já que eu iria, assistir ao atletismo seria quase óbvio.
Já que assistiria ao atletismo, por que não ver o Bolt?
E, assim, lá fomos nós (minha mulher, minha pequena filha e eu) no sábado de manhã até o Engenhão para conferir a lenda. O que não poderia prever, claro, é que uma outra corrida seria muito, mas muito mais impactante.
Nada contra o Bolt, claro – mas o que aconteceu com a etíope Etenesh Diro nos 3 mil metros com barreira foi imbatível.
Já no começo da prova, quando a pista fica embolada de pernas e braços, um acidente acabou derrubando algumas atletas e deixando um dos tênis da etíope meio para fora. Em uma fração de segundos, Diro deve ter pensado na prova, no que faria e nas chances reduzidíssimas de vitória daquele jeito, provavelmente destroçando um sonho para o qual ela estava mais do que preparada (sendo considerada uma das favoritas).
E o que ela fez? Parou, tirou o tênis e a meia de um dos pés e saiu correndo descalça! Correndo não – voando: ela seguiu em uma velocidade inacreditável, ultrapassando atleta após atleta e chegando em sexto lugar.
Enquanto isso, a torcida que lotava o Engenhão simplesmente urrava, uníssona e descrente, tendo instantaneamente adotado a heroína olímpica. Tudo: o estádio, a velocidade, os telões e até o céu parecia empurrar Diro através dos quilômetros e da dor.
Sim, muita dor: a corrida era com obstáculos, o que agrega uma dose de impacto considerável aos pés de quem quer que seja. Na velocidade que ela estava, tanto pior – o que ficou claro depois que Diro desabou no chão em prantos assim que cruzou a linha de chegada.
Inacreditável.
Horas depois, apesar da colocação abaixo do limite de qualify, os juízes acabaram determinando que o acidente no início atrapalhou a corrida e colocaram as prejudicadas – incluindo Diro – na final. Vaga mais do que merecida.
Uma coisa é ver corridas. Outra é ver Olimpíadas.
E outra, totalmente diferente, é ver de perto o espírito olímpico.
São daqueles momentos que nunca vamos esquecer.
(E com direito a ver o Bolt nos 100m)
Rio, até aqui a pouco!
Teve outra coisa curiosa que aconteceu na semana passada.
Sob efeito da gripe, cortei meu longuinho do sábado de 20 para 10K. Esta contente com isso, satisfeito e, ainda que cansado, me sentindo cada vez mais preparado para o Caminhos de Rosa.
Até que as circunstâncias me deixaram sozinho em casa, sem mulher e filha, e com a TV ligada na prova de ciclismo de estrada. Sob um sol belíssimo, os ciclistas cortaram Copacabana, Vista Chinesa, Jardim Botânico, Ipanema…
Endurance puro, com direito a quedas e a um final sensacional com ultrapassagens nos últimos quilômetros, fazendo o dia lindo da cidade maravilhosa ficar ainda mais incrível.
O mais difícil? Controlar o impulso de sair para suar depois disso.
Coloquei de volta a roupa e saí para mais 10km. Fiz o pace mais rápido dos últimos 5 meses sem sequer sentir.
Olimpíada é sensacional!