Planejamento talvez seja uma palavra forte demais. Em geral, a “estratégia” que eu desenhei está tão leve que pode ser definida em duas metas: largar às 14:00 da sexta e chegar às 14: do sábado. Simples, não?
Sim: a corrida em si não é tão simples. Por que?
- O organizador, Zumzum, me alertou desde que me inscrevi que eu deveria me preparar para temperatuas variando de 5 graus à noite para 45 graus ao dia.
- Sim, não há muita altimetria – mas a falta de povoados e a monotonia do cenário acaba sendo um dos mais singulares desafios.
- Poeira, muita poeira por todo canto em um clima tão seco quanto o deserto.
- Finalmente, um dos apoios que estava comigo desde o início desistiu de última hora por problemas no trabalho, me deixando com apenas uma pacer (sem desmerecer a Luana que, verdade seja dita, é a pessoa mais organizada com quem já corri na vida).
Tudo isso aponta para condições tenebrosas? Pois é: às vezes, nem tudo é o que parece.
Não sei o que aconteceu com o clima, mas o Weather Channel indica que as temperaturas devem variar entre 15 e 32 graus. 32 graus são quentes? Sem dúvidas – mas não são nada perto de 45. Sei que a margem de erro do Weather Channel na região de Morro da Garça e Cordisburgo certamente é ampla – mas, ainda assim, é uma notícia empolgante.
Paisagem tediosa? Do ponto de vista físico, certamente. Mas não dá para esquecer que estarei correndo nas terras de Guimarães Rosa – e as quase 1500 páginas de obras primas que li nos últimos meses certamente gerarão a companhia de muitos dos personagens que mudaram minha forma de ver o mundo. Será épico correr com cada um deles.
Poeira e clima seco? Talvez seja diferente do que esteja habituado – mas AMEI atravessar condições assim nas trilhas dos Andes, no Cruce.
Finalmente, por mais que eu tenha lamentado muito a ausência do Paulo, o amigo Comradeiro Thiago Figueira se dispôs a substitui-lo e será o segundo pacer.
Em resumo: até agora, mesmo com tudo errado, tudo deu certo.