Ritmo errado

Depois de dois dias de descanso total para me recuperar de algumas estranhas dores pelo corpo, chegou o sábado.

4 horas de treino previstas em um local mais “fácil”, com menos ladeiras e trânsito praticamente inexistente: a USP, meca dos corredores de rua aqui em Sampa.

Saí às 8 em ponto – talvez um pouco tarde dado o calor senegalês que se abateu sobre a cidade neste final de verão.

Talvez, não: com certeza.

Os primeiros quilômetros em direção à Marginal, ainda em um pace relativamente firme no sub-6′, já alertaram para as dificuldades. Clima desérticamente seco, termômetros subindo sem parar e um céu com pouquíssimas núvens guiaram o meu caminho de pouco mais de 8km até a Cidade Universitária.

Lá dentro, acompanhado pelas hordas de corredores e ciclistas que vivem nas ruas da USP, a ideia era dar 3 voltas (também com cerca de 8km cada) e retornar. Ou seja: faria, assim, algo como 40km no longão.

Faria.

Lá pelo quilômetro 15, o abdômen voltou a incomodar mais do que deveria e a cabeça, a pesar com o sol.

Diminuí o ritmo, comecei a intercalar com um pouco de caminhada e, por um tempo, tudo melhorou um pouco.

Foi só encarar o retão próximo à Raia Olímpica, no entanto, que todas as dores voltaram. Correr passou a ser algo menos natural, mais difícil. Desacelerei.

Entrei na trilha, já consciente de que cortaria a terceira volta, para mudar de ares. Trilhas são sempre um bom remédio.

Sob a sombra das suas árvores, melhorei um pouco e encarei a segunda subida do Matão.

Não deu: andei por parte dela. Voltei a correr.

Na descida até o portão voltei a acelerar, fazendo pouco mais de 1km em ritmo de Usain Bolt. Fui bem, estranhamente confortável.

Quando cheguei no plano novamente, troquei de marcha e decidi me encaixar em um pace mais leve e compatível com o estado do corpo.

Quer saber? Funcionou maravilhosamente bem.

Como saí de casa em jejum (algo que sempre faço, aliás), parei em um boteco a uns 5km de casa e tomei uma Coca. Açúcar cairia bem naquele ponto.

De lá em diante, não posso dizer que tive uma corrida perfeita: o estrago, afinal, já havia sido feito.

Mas consegui correr relativamente bem, fechando quase 32km em 3h30.

O longão de hoje não foi exatamente algo incrível – mas me ensinou uma lição importante: ritmo bom é aquele que nos permite chegar no melhor estado possível à nossa meta.

Parece óbvio, claro: mas, no calor dos treinos e na ansiedade de se superar marcos pessoais, isso acaba se perdendo no esquecimento.

Se tivesse sido mais conservador já no início eu certamente não teria quebrado como quebrei no longão. Tudo bem: que a memória do erro sirva de combustível para o próximo.

Mas há, ainda, algo a mais que também não posso ignorar: há algo de errado com o meu estômago, que tem estado em uma espécie de constante estado de dilatação e doendo mais do que deveria. Nutrição, talvez?

Não sei a causa exata – mas certamente é algo que merece ser observado mais de perto nos próximos dias.

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Corpo truncado, treino interrompido, descanso programado

A meta ontem era fazer 1h30 de treino intenso, incluindo uma sessão de 30′ e outra de 20′ de tempo a um ritmo sub-5′. Não deu.

Coloquei apenas 5 minutos de aquecimento antes de engatar na primeira tempo run, insuficientes para preparar o corpo. Quando acelerei, embora tenha conseguido manter um bom ritmo nos primeiros quilômetros, logo senti que o corpo não responderia tão bem.

Antes dos primeiros 15 minutos já estava olhando no relógio, ansioso para que ele corresse mais do que as pernas. Pouco tempo depois, dores na região do abdômen, em uma faixa logo abaixo do umbigo, começaram a aparecer.

Forcei por mais um pouco de tempo mas, depois, parei e caminhei por um minuto.

Acelerei de novo, desta vez apenas procurando me manter em mais confortáveis 5’30″/km, mas novamente fui forçado a interromper.

Uma náusea repentina apareceu.

Corri, andei, corri, andei. As costas não chegaram a doer – mas o abdômen começou a dar pontadas mais fortes, mais intensas, indicando que algo decididamente estava errado.

Nas últimas semanas tive dores fortes na região lombar (muito embora a causa não tenha sido a corrida em si, mas sim um “levantamento de peso” fora de hora), senti um pouco o joelho direito e, agora, o abdômen acompanhado de náuseas. Se isso não é o corpo dando sinais claros de que estou forçando-o além da conta, então não sei o que pode ser!

Hora de ser racional.

Interrompi o treino 15 minutos mais cedo e cancelei o de hoje, que incluía 4 sessões de 8′ de mais tempo runs. Considerando que, nas últimas semanas, elevei consideravelmente o ritmo das corridas – e que na semana passada casei isso com um pico no volume – nada mais natural do que sentir as primeiras reclamações físicas.

Hoje, portanto, será dia de descanso – assim como amanhã.

Sábado tem longão de 4 horas, mas onde posso encaixar um ritmo mais confortável e que cause menos dores. Veremos como será.

Por hora, aproveitarei 2 dias de descanso aparentemente (muito) bem vindos para as pernas e para o core como um todo.

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